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gestos de equilíbrio

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A função específica da arte não é, como comumente se imagina, expor ideias, difundir
concepções ou servir de exemplo. O objetivo da arte é preparar uma pessoa para a
morte, arar e cultivar sua alma, tornando-a capaz de voltar-se para o bem.

Andrei Tarkovski

OBRA-PROCESSO

Gestos de equilíbrio é fruto de uma pesquisa de Marcus Mazieri na relação entre arte e meditação, bem como da relação entre arte e espiritualidade. O disparador do processo é o livro de mesmo nome do Lama tibetano Tarthang Tulku, em que o autor lista uma série de exercícios meditativos permeados por ensinamentos milenares da tradição Nyingma do budismo tibetano. Tal referência inicial se soma a práticas realizadas por Mazieri como o yoga, o tai chi chuan e a meditação budista e às pesquisas do mesmo na linguagem da performance art e do teatro performativo, usando de base palavra que liga estes dois mundos: gesto.

 

A obra se materializou em performance + fotografia [que alguns chamam de fotoperformance] e uma apresentação cênica de cunho performativo com duração média de 50 minutos. Essa apresentação teve co-criação visual de Kimberly Christie, co-criação sonora de Victor Simões Lobato, e a feitura das máscaras e iluminação cênica por Fabio Pimenta. 

fotoperformance | por Marcus Mazieri + Kimberly Christie

A forma material é como espuma
Tocando uma bolha de água;
A percepção é só uma miragem,
Volições semelhantes a um tronco de planta,
Consciência, um truque de magia -
Assim diz o Parente do Sol.

Buda Shakyamuni

[trecho do] texto disparador

O gesto é uma partícula em potência do ser como um todo. A comunicação mínima e sintética dos estados psicofísicos. Mas também, quando equilibrado, dos estados extrapsicofísicos: os estados espirituais. Estados da alma, no popular. Mas esse “da alma” pode causar uma confusão. Não se trata de estados específicos virtuosos de um ser divino (ou do “verdadeiro eu”), mas sim de um estado com as qualidade do espiritual: impermanência, não-forma e não-eu. Ou então: ausência de conteúdo, de forma e de subjetividade. Vazio. Vacuidade.

 

O espaço vazio, a sala vazia, a moringa, o céu azul sem nuvens. Metáforas do vazio, qualidade última da realidade, que servem de inspiração ao esvaziar do ser: esvaziar da mente, esvaziar do corpo, esvaziar da existência. Esvaziar de conceitualização. Encontrar uma percepção ausente de conceitos. Des-interpretar. Ou seja, buscar novos processos de geração de significados. Buscar, inclusive, possibilidades de significados ainda fora de nossos hábitos mentais. Ser contra a interpretação!

 

Os gestos precisam ser descobertos, inventados, criados, gerados. Estão em: movimentos do corpo, movimentos da mente, imobilidade do corpo, imobilidade da mente, imagens do corpo, imagens do vazio, imagens do vazio em relação ao corpo, imagens do corpo em relação ao vazio, sons do corpo, sons dos objetos em relação ao corpo, sons do silêncio, som que tudo permeia em forma de zumbido, silêncio do corpo, silêncio da mente, silêncio do espaço, respiração, observação do corpo, observação das sensações corporais, observação da mente, observação dos conteúdos mentais, observação do espaço, fusão da mente com o espaço, observação do corpo da inspiração, observação do corpo da expiração, observação da respiração além de inspiração e expiração, observação dos objetos no espaço, troca de olhares neutros, posturas do corpo em relação ao seu próprio eixo, posturas do corpo em relação ao eixo do planeta, postura do corpo em relação a base que o sustenta, consciência da luta contra o desequilíbrio no ato de andar, os gestos do gesto de equilíbrio.

 

Não há começo, meio e fim. Há surgir e desaparecer constante. E, como um microscópio, pode-ser ver esse surgir e desaparecer por um tempo. E a partir daí ver o surgir e desaparecer em outros lugares, em outros momentos.

[Marcus Mazieri]

“Tratar o corpo como se fosse um monitor de acontecimentos físicos é uma forma de perceber-se a si mesmo, de conhecermos nossos sentimentos e nossas múltiplas identidades.”
 

 

—  Alan Kaprow

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O processo criativo envolve corpo, mente, coração, respiração e energia. Ao aprendermos este processo, tornamo-nos conscientes da inteireza de nosso ser e descobrimos modos de aprofundar a nossa conexão conosco e com os outros. É um processo para encararmos e penetrarmos os obstáculos e, também, para vivenciarmos a liberdade interior.

Kaz Tanahashi

[trecho do] texto disparador

Se trata, em absoluto, de materializar o gesto. Concretizar o gesto. Redefinir o gesto. Codificar o gesto. Amar o gesto. Os gestos dos gestos. Toda a gestualidade que conduz e parte, ao mesmo tempo, do/para o equilíbrio. É preciso entender o gesto. É preciso mimetizar o gesto. É preciso imitar outros gestos. É preciso descobrir o gesto. É preciso inventar o gesto.


É preciso entendimento correto.


É preciso pensamento correto.


É preciso linguagem correta.


É preciso ação correta.


É preciso modo de vida correto.


É preciso esforço correto.


É preciso atenção plena correta.


É preciso concentração correta.

[Marcus Mazieri]

performance cênica

registros da performance cênica | por Kimberly Christie

O processo se materializou, além das fotoperformance, em uma performance cênica solo de Marcus Mazieri, em que o conceito de gesto é explorado no encontro entre arte e espiritualidade dentro de um espaço de experimentação. A movimentação e as ações do performer se dão em um ambiente que enfatiza o silêncio, a escuta a ampliação dos seis sentidos (visão, audição, olfato, paladar, tato e mente), possibilitando o aprofundamento da atenção do artista e do público, o que potencializa as trocas energéticas e a comunicação de signos invisíveis.

SINOPSE

Gesto: movimento do corpo, voluntário ou involuntário, que revela estado psicológico; expressão singular que se mostra em alguém ou em um semblante; maneira do humano de se manifestar; ação. ‘Gestos de equilíbrio’ é a exploração de um artista, através do seu complexo corpo-mente, do conceito de equilíbrio. Este estaria no movimento ou na imobilidade? Na horizontal ou no vertical? No interior ou no exterior? Na resposta ou na pergunta? Poderia o gesto revelar um estado além?

ficha técnica

Idealização, direção e atuação: Marcus Mazieri

Co-criação visual e cenografia: Kimberly Christie

Co-criação sonora e sonoplastia: Victor Simões Lobato

Iluminação, máscara e preparação corporal: Fabio Pimenta

Produção: Coletivo Fleuma

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Duração: 50 minutos

Classificação etária: Livre

vídeo da apresentação

*o vídeo é um registro da performance cênica para fins de análise da obra e de suas condições técnicas, não tem valor como obra por si só.

gestos de equilíbrio

fotoperformance + performance cênica para salas de exposição de arte, teatros e espaços de apresentação alternativos

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