O texto teatral Angulimala, escrito pelo ator e dramaturgo Marcus Mazieri no início de 2018, foi um dos ganhadores do VIII Concurso Jovens Dramaturgos 2018, prêmio organizada anualmente pela Escola Sesc do Rio de Janeiro e que prêmia dramaturgos e dramaturgas do Brasil inteiro que tenham até 29 anos. A premiação resulta na publicação de um livro com o textos ganhadores pela Coleção Incubadora Escola Sesc, que tem versão impressa em diversos Sescs do Brasil e pode ser acessado em formato digital através deste link. 

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O livro conta com uma introdução para cada um dos textos, feitas por alguns dos jurados do Concurso. Para Angulimala, o jurado Eduardo Kratz escreveu:

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"Mazieri parte de um contexto bastante significativo dos nossos tempos: o agronegócio e a indústria de agrotóxicos, ótimos exemplos do desprezo político pela humanidade. Há um projeto de lei que tramita atualmente no Congresso Nacional com a intenção de liberar a utilização de diversos agrotóxicos condenados pelos órgãos de fiscalização ambiental. Diante de tamanha aberração, Marcus apresenta uma variedade de reações: revolta, questionamento, culpa, memória, autoconsciência e contemplação. Entre a filosofia budista e a denúncia social, o autor vai além de uma abordagem panfletária ou didática, elaborando uma dramaturgia pós-dramática de impacto.

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Com uma proposta cênica enxuta - palco quase vazio, um ator interpretando um empresário voraz, e uma atriz se alternando em cinco "personagens" (ou seriam a expressão de diferentes níveis de consciência?) -, a peça mergulha no subconsciente humano desumanizado. A troca desses focos de emissão femininos se dá no despir do figurino que revela outro por baixo, uma fluidez que causa estranhamento e sugere diversas camadas de significados. O jogo de provocação acontece como crítica social, mas também nas desconstrução do paradigma estético teatral.

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A complexidade da linguagem, que põe em risco seu potencial de comunicação, é arquitetada com sutileza oriental. Há uma boa dinâmica entre ruído e intelegibilidade. As figuras femininas se revezam numa gangorra de ambiguidade que acolhe e desestrutura o empresário, um ser humano corrompido que poderia ser qualquer um de nós. Ele funciona como interlocutor do ímpeto crítico do autor, um representante do público confrontado em seus princípios éticos e estéticos.

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A amálgama conceitual de Angulimala resulta em um texto instigante."